Morte no telhado

Era já noite

Quando ela escutou passos no telhado

O coração bateu assustado

Chamou seus pais que a confortaram

Afirmando ser somente o vento

Ela acreditou por um momento

Mas os passos voltarão a atormentar

Agora o silêncio fez seu pai escutar

Saíram e viram um gambá

Eles são comuns, aqui no Paraná

Ela, caipira da cidade grande

Confessa nunca ter visto um antes

Seu pai, seu herói, saiu para matar

Sua mãe corajosa, foi ajudar

Ela ficou com dó daquele ser

Cujo único erro foi viver

Olhou aquele bicho morto

O corpo estendido, meio torto

Viu algo em seu ventre se mexer

Era um gambazinho que acabara de nascer

Inocente mamava,

Sem saber que a mãe já não respirava

Seu coração se enterneceu

Por aquele pequeno ser

Pediu que deixassem ele viver

No entanto, foi voto vencido

Com lágrimas, viu serem enterrados mãe e filho.