A CIGARRA E MINHA AVÓ

Meu avô vivia na farra,

Minha avó ouvia a cigarra.

A noite inteira a velha resmungava,

Enquanto o inseto apenas cantava.

Nas festas da vila, o velho sumia.

E a pobre coitada nunca dormia.

A noite inteira ouvindo a cigarra,

E o "desgramado" curtindo na farra.

Vovó coitadinha, alisava seu gato,

Enquanto a cigarra treinava no mato.

"Cachorro safado", vovó nomeava.

O gato no colo, roncava.

Na beira da serra somente se ouvia,

A voz da cigarra de noite e de dia.

_Se eu pegar ele, vai ver como é,

Arrebento a cabeça com "pau de colher"

Cigarra nem sabe do velho safado.

Com um "rabo de saia" já fica assanhado.

No carnaval, fica todo ranzinza,

Só volta pra casa na quarta de cinzas.

Assim era a vida da velha "Mindocha"

Na pacata casinha bem perto da rocha.

Na companhia da cigarra,

D. Arminda seguia perdendo para a farra.

Jota Nascimento
Enviado por Jota Nascimento em 22/04/2014
Código do texto: T4778613
Classificação de conteúdo: seguro