LENÇO VERDE

Meu verde lenço chimango,

companheiro de fandango,

de rodeio, de carreira...

Tu és, de certa maneira,

um amigo e xucro abraço

que em cada ponta do laço

verde, cor de coxilha,

trazes um pouco da História

entreverada com a glória

da tradição farroupilha.

És verde, cor da esperança!

És bandeirola de lança,

meu fiel pendão de crença

que revida toda ofensa

e não se micha a um desacato.

Com teu irmão maragato

és tarja numa bandeira

que ao tempo e ao vento expande

a honra de meu Rio Grande

ante a Nação Brasileira!

Também és da cor do mate...

E não há quem bem te retrate

em todas as voltas da sina.

Secaste pranto de china...

Paraste sangue em ferida...

por essas estâncias da vida

por onde andaste abanando.

Contra o frio me foste manta

e até me apertaste a garganta

pra ninguém me ver chorando...

Hoje, velho, és quase um trapo

de legendário farrapo

à espera, só, de um jazigo.

Para onde irás, junto comigo,

ao fim da longa batalha

do rude poeta incréu.

Serás lufada de minuano

levando em teu último abano

minh'alma junto p'ra o céu!

Waldy Würdig
Enviado por Waldy Würdig em 25/06/2014
Código do texto: T4858162
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