APENAS UM RETRATO
APENAS UM RETRATO
Ardia-lhe a face chorosa e entumescida,
Postos os cotovelos sobre a mesa vazia,
Por alguma amargura não esquecida,
Ele bebia! E um nome de mulher ele dizia.
Mais um trago! Num guardanapo rabiscava,
Dobrava-o, e ao chão jogava, em prantos,
Tracejando um rosto de quem se recordava,
Boca labiosa balbuciava desencantos.
Um após outros tragos ao chão tombou,
Quase nada disse nas palavras poucas,
Mas algo ao chão , nos papéis ele deixou.
Fitou-me, alguma coisa querendo dizer,
Estendendo-me a mão, entregou-me trêmulo,
Velho e amarelado, um retrato de mulher.
egê- SP
do livro poeira e flor vol III