ÁRIA SOLENE DE PRIMAVERA
Mosaico de cores
Em silêncio a chuva calada
Escorre pela vidraça sem tinta
Final de grande chuvarada
Com olhos risonhos o menino acompanha
Inspirando perfume de mato reverente
Apaixonamento tão sóbrio que não se contenta
Nostalgia esvanece na atmosfera presente
No colo da natureza dormiu o raio
Sussurra nas nuvens ainda o trovão
Leve na relva descansa o corpo
Alma de brisa na erva do chão
Antes de barro alegre de céu
Brinca de barco o sapato imundo
Abre a porta de azul felicidade
Na água da poça espelha o mundo
Sob o fundo sereno de incomum tranquilidade
Tardinha na praça os garotos festejam
Não sabendo por que já sentem saudade
No tempo solene que as horas cortejam
Pleno de ser que não é recordação
Cantando cantigas em rodas de dança
Ingênuo caminho na luz que se esvai
A cada tempestade me refaço criança...