Homens de Papel

Homens de papel

Lembro-me dele como um gigante

Costas largas, punhos grossos e voz de canhão

Recordo-me dele como uma árvore, nunca abatida e nunca doente

Permitiam-me chamar de pai a essa montanha, a esse pontão

O seu desejo era lei, o seu comando evidente

E para mim, pai era isso, um monte, um edifício

Que não se pode contestar, descobrir ou lesar

Alguém com quem não é permitido falar

Descobri varias vezes o fardo da sua mão

Mas o toque dos seus dedos foi sempre furtivo

Meu pai…

Será sempre com essa recordação que eu vivo

Hoje, olhando as imagens do meu pai, vejo que foi só isso que restou

Um homem gravado no papel

Francisco Carreiras
Enviado por Francisco Carreiras em 20/12/2014
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