O Delirio de um Megalomano
A rude tristeza do homem marcado
Que tudo que anseia o carrasco diz não
É como viver,comodamente, em vão,
Alheio ao sonho entre todos desejado.
A farsa é tremenda, cruel é seu crime,
Enredado nas teias do potente inimigo
Quanto inocente não corre perigo,
Suplicio algum tal pecador redime?
Outros tem amores por albergue grato,
Muitos conhecem o mel das orgias,
A mim só restam as solidões sombrias?
A mim ,escravo carnal,do gozo nato!
Não vos importam eu escreva poesias?
Que um mundo lapide no verso inspirado?
Sabendo-me inocente,fazeis-me condenado.
Sabendo-me poeta, roubais-me harmonias.
O quanto blasfemei contra vossa tribo
Não vos importa foi sobre tortura?
A coação me esfolou em roda impura.
A hipnose me forçou pra fora do estribo
De minha consciência e pessoa alijado,
O trocadilho infame não notado o sentido,
Com atos monstruosos a dor impelido
A química de meu corpo em pranto alterada.
E no entanto punis minhas namoradas
Cujo único crime é ter de mim gostado.
Dos homens me tornais de tal modo apartado,
E as ambições do peito todas desesperadas.
E quais foram no mundo minhas obras?
Criar a poesia e me abismar na beleza.
Não ódio ,mas liberdade a alma preza,
Não vingança, mas líricas manobras.
O que disse não corresponde a meus sentimentos.
De amor,não de trevas, são meus pensamentos.
Sou contra todo tipo de preconceito
Trato as pessoas com carinho e respeito.
Ajuntai a vosso poder a majestade
Da clemência que engrandece o poderoso.
Daí-me a vida com um olhar piedoso.
Segunda chance com vossa bondade.
Eu vos adorarei de noite e de dia
E oferecendo a harpa de meus versos
Esculpirei agradecido universos
Para a vosso reinado dar poesia.
Um potente senhor do nosso mundo
Decerto tem tarefas bem maiores
Que a um inofensivo em seu estado
Punir o inócuo ser com duras dores.