AMEI ALGUÉM UM DIA - Poesia nº 22 do meu terceiro livro "Relevos"

Como a fragata, de mansinho, no meu cais tu aportaste.

Lembro-me bem deste dia. Foi assim que me conquistaste

Quando me olhou, abraçou e beijou. Uma paixão bem real,

Qual um filho envolvido em mantos, por amor tão fraternal...

Saltamos na ilha de fábulas, explorando os belos campos,

De jardins imensos e matizados, com muitas flores sorrindo.

Subimos a estrada e paramos na "Fonte dos bons prantos",

Que saudava a nossa vinda ao belo vale que ia se abrindo!

Na sombra de uma árvore antiga, ali feliz, contigo me realizei.

Pássaros dos livres ventos, que assoviavam infinitas canções,

Namoravam de perto, entre galhos, os nossos quentes beijos.

Esperando a hora do nosso enlace a unir num só, os corações,

E outras aves se moviam no céu, acariciando nossos desejos.

Em dois corpos nus, minha virgindade, assim eu lhe entreguei.

No revoar desses pássaros, te via com uma intensa felicidade,

Agora que entre sonhos, acabara de viver o amor de verdade!

O tempo passou, e como fosse apenas ter vivido aquele dia,

E depois que me tornei de menina uma mulher bem amada,

Nada fazia esquecer o teu corpo, quem em mim tanto ardia

Por muitas vezes, sob nossa árvore, a olhar a linda revoada!

Mas o tal destino fez tudo mudar, numa lembrança sem fim.

Mesmo que o meu peito, tenha amado alguém de verdade,

Ele me foi cruel. Das nuvens veio o presságio: Um serafim,

Com asas negras, notificou-me da alarmante possibilidade!

Você, já quase adulto, de uniforme branco como a fragata,

A se despedir da árvore, pássaros, jardim, e da minha vida.

Esse nosso amor num triste adeus, está próximo, me mata!

Da ilha de fantasias tu és a revoada, sempre em despedida...

Serviste à marinha, levado pelos ventos, a mares distantes...

Não sabia se um dia voltarias a este porto, que agora sou eu.

Embarcou numa fragata, que antes nos unira como amantes,

Fiquei sozinha entre dores, a minha esperança desapareceu!

Muito aqui sofri, antes de descobrir a notícia desta fatalidade...

Não mais verei meu marinheiro, que tanto esperava em terra.

A fonte, a árvore, os jardins, são em mim somente saudades,

E das aves foste uma, que voou para a morte da inútil guerra!

Eduardo Eugênio Batista

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Setedados
Enviado por Setedados em 16/06/2016
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