HEI DE ME LEMBRAR

HEI DE ME LEMBRAR

Se um dia me faltar à voz

E meu grito nada pronunciar

Dos meus olhos irão sangrar

Minhas resenhas vividas.

Se um dia me faltar o som

E nunca mais poder ouvir

O palpitar do meu próprio coração

Saberei ter a percepção

De ouvir a brado de Deus

Nos cursos dos rios

No estalar da primeira estrela

No debater das marés bravias

Das fúrias das ventanias

Se um dia me faltar à visão

Saberei enxergar o âmago

Das cores sidas...

No diálogo de um olhar

Voarei com as aves no azul do infinito

Mesmo sem sair do chão

Mesmo meio a escuridão

Desenharei no meu intimo

Os risos dos amigos.

Se nada puder sentir

Sequer nenhum elixir

Das mais formosas flores...

Terei o feitio de poetar

O ébano dos amores

Se um dia eu perder o folego

E me faltar o ar...

Ai sim eu sei que vou chorar

A vida vivida, e,

Sem nada no palato sentir

Vou meus lábios selar

E acenar com o suspiro

No último solfejo Álgido

Teu nome meu Deus

Numa prece rouca

Num riso findo

Num apelo febril

No vazio...

Ecoará pra sempre

Teu nome e o meu.

Marisa Zenatte

Mrmaryllady
Enviado por Mrmaryllady em 17/11/2016
Reeditado em 17/11/2016
Código do texto: T5826650
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