O Alvorecer De Um Último Dia
Sento em minha cela
E olho para a janela
Vejo que chega um novo dia
Junto a sorrisos e alegria
Deito-me neste chão de cimento
E preparo-me para o julgamento
Um pranto quente corre em minha face
Queria um reinício e não que tudo acabasse
Através dessas grades de aço
Vejo soldados cindo passo em passo
Cada passo era como machados
Cortando-me os olhos inchados
Que choravam por não poder mais
Tentar um recomeço, tentar achar paz
Em meio a crimes, perdição e revolta
Fui preso num caminho que não tem volta
Então aqui estou
Foi isso que restou
Daquele destemido menino
Que pouco a pouco tornou-se assassino
Abrem minha cela e me fazem andar
Até o local onde irão me matar
Estes sons de metal me trazem lembranças
Das vezes que ia caçar quando criança
Eu, meus pais e meus tios
Caminhávamos té um rio
Atravessávamos uma ponte pra poder ir
Seu efeito pêndulo quase me fez cair
E o medo que eu senti naquele momento
É quase o mesmo que sinto aqui dentro
Medo da morte
Da falta de sorte
De não escapar
E me afogar
Pois diferença já não há
Entre rio, sangue ou mar
Abriram uma porta
E não mais importa
Viramos uma esquina
E avistei a guilhotina
As pedras em mim lançadas
Acertaram um dos guardas
Quem me dera sorrir agora
Que sei que minha irá embora
Não sou inocente
Mas meu senso não consente
Em não haver perdão
Por um simples escorregão
Não matei meu irmão
Antes que eu me esqueça
Minha visão escureça
E meu corpo não tenha cabeça
Amaldiçoo este rei
Irá pro inferno eu sei
E lá eu terei
A eternidade
Pra tornar verdade
A mais pura tortura