CARNAVAL, O SONHO QUE PASSOU

Francisco de Paula Melo Aguiar

Na Praça Getúlio Vargas

Heraldo Gadelha e Antonio Gomes

Recepcionam o Rei do Baião Luiz Gonzaga

Marcus Odilon e Lero

Recepcionam o Povo da Silva, em 1976.

Depois dos Gomes de Melo, 1890

Dos Ferraz, Ferreira, Carvalho, Silveira,

Veloso Borges, Ribeiro Coutinho,

Teixeira, Morais e Maroja

Dos Anzóis do sapato de pobre

É tamanco, da lira vencedora, dos piratas

E do comercial, Santa Cruz e Guarany

Do Cruz Maltino, CTP, Onze,

E de etcétera e tal, o raio que os partam,

Haja troça, papangu e xirumba com força

Animação coletiva ou individual

Sem divisão das classes sociais do local

Bloco de sujo de rico ou de pobre

Lança perfume, alegria do nosso carnaval.

Aqui tinha o Rei de tudo,

Das peladas de futebol

Das jornadas das lapinhas

Do cordão azul e encarnado

Do pastoril e do circo de Querenca

Das mulheres de vida livre

Da rua do cantinho, do melão e da viração

Do pobre querendo ser rico

Do velhaco...

Do botador de chifre...

Do cachaceiro...

Do capanga valentão...

Do cachorro sem lenço ou documento...

Rei e rainha do bem e do mal.

Vestimenta de improviso...

Fantasia de arrancar zombaria, riso

O povo era feliz e não sabia

Misto de riqueza e pobreza

Algazarra, pó e serpentina

Liderança política e alegria

Matinês no Santa e Tênis Clube

Festa da meninada no carnaval.

O bloco do rei da viração Geraldo Jibóia,

Sem manha, sem luxo, do lixo,

Não importa se Rei ou não,

Aqui tudo e todos eram iguais

Em todos carnavais!...

Do Coreto ou “Pires” da João Pessoa

A Tribuna meia lua da Getúlio Vargas

Na frente do Avenida, Quartel general da folia

Carnaval transmitido por seu Tatá, ta?

Pelas ondas da Rádio Sociedade de Santa Rita.

Ao vivo e a cores desfilam os blocos

Sujos, granfinos, ricos e pobres

Cheirosos e fedorentos, haja pó...

Femininos, masculinos e afeminados

O povo caía na gandaia, em delírio...

Tamanha era a satisfação popular

Alegria de todos no carnaval local.

Lá vem, dona Isabel Bandeira

Vestida de rainha, montada em seu cavalo

Com apito na boca provocando o povo

Tamanha era a alegria e gritaria ...

Lá vem “Vassoura”, mulher de corno

É vocês filhos da puta...filha de rapariga

O palavrão era maior do que alegria popular

Tudo tinha a cara de nosso povo.

Nosso povo brincava como menino

Xirumba, fantasia masculina e feminina

Índio, pirata, capitão do mato, veado...

Palhaço, mambembe e brincalhão

Era todos, Zé ou João de tal.

Povo da Silva!

O povo era feliz e não sabia

O tempo passou, a CTP fechou

Assim como a Santana e Santa Rita

Todos os engenhos de fogo morto

Sobra bóia fria por falta de eito e cambão

Para espanto de todos e com razão

A gula da politicagem local...

Sem aviso prévio nosso carnaval levou

Cabe assim as novas gerações

Trocar a fantasia de Arlequim, Colombina e Pierrô,

Principais figuras do carnaval

Pelo terno, gravata e anel de doutor.

Atualmente o nosso carnaval

Não tem rei, nem rainha

Nem folia, entrudo, urso, índio,etc

Marujo, mulher vestida de homem

Homem vestido de mulher boxuda

Liderança política misturada com o povo

Falta tudo, inclusive doutor.

Uma coisa é certa todos os anos

Em vez da alegria popular,

O povo desfila, sozinho e de cabeça baixa,

O bloco da dor e dos esquecidos...

Na quarta feira ingrata ou de cinzas

Lastimando da vida, povo sem sorte e sina

Carnaval, o sonho que passou.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 01/06/2019
Reeditado em 01/06/2019
Código do texto: T6662221
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