Borboleta

No casulo.

Estive muito tempo e na verdade

Não sei bem se sai.

Numa floresta onde os medos

Penduram-se nas copas das árvores

Alçar vôo nunca é demasiado fácil.

Minhas asas

Companheiras suas

- no seu vôo.

Tu eras pássaro esperando por mim

E eu apenas borboleta

Encasulada.

Não era medo, era temor

- de não fazer isto ou aquilo -

Para não machucar a flor.

Bem verdade que existia

O seu calor, as madrugadas frias

A estrada, longa distância

Uma esperança escondida

Na certeza de que tudo ia dar certo.

O vento nos separou

Eu, frágil borboleta

Você, ágil beija-flor.

Fomos levados, querendo ir

Olhando pra trás sem poder voltar

Demos frutos tão distintos

Contudo em nossos destinos

Uma linha tênue ficou

Da tua marca nas minhas asas

E em ti, queria descobrir

O que de mim ficou.

Valéria Britto
Enviado por Valéria Britto em 10/10/2007
Código do texto: T688680
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