BOEMIA
Hoje amanheci em pleno estado de nostalgia,
Lembrando de um passado bom, que alegria,
A minha cidade sol, de um calor sem igual;
Mas de noites onde a brisa é fresca e natural.
De dia, um sol inclemente, quarenta graus.
De noite, um frescor que convida à boemia,
Aos bares, à meia luz, difusos, o culto a Eros;
Para ver um amanhecer vermelho que extasia.
Por isso que aprendi a apreciar tanto à noite,
Sair ao encontro das musas e das serenatas;
Reino encantado, reis, rainhas, toda a corte,
Encontro de saraus que varavam madrugadas.
Poetas declamavam seus versos encantadores,
Violões, num tom melodioso acompanhavam;
A um poeta apaixonado cantando seus amores;
Garçom: Uma cerveja!!! Boêmios reclamavam.
E foi ai que me fiz boêmio e aprendiz de poeta,
Vida na noite, nos becos, nos bares, nos bordeis,
Ouvindo atento ao canto mavioso dos menestréis,
E sorvendo a vida em goles, fazendo dela festa.
Ah, tempos bons àqueles que não voltarão jamais,
Nunca mais as serenatas, nem poesias declamadas,
O tempo passa a vida muda, tudo ficou para trás,
Restando somente lembranças daquelas madrugadas.
Aquela era a minha Jequié, cidade do sol querida,
Wilson Novaes, Dab Astrê, Eusinio Soares, Satú,
Dr. Washigton Navarro, Bordel de Maria Helena,
Cotrim, Gilsão, e muitos outros que estão no céu.
Ah boemia querida, quantas saudades de ti tenho,
E nestas recordações pujantes, nestas linhas venho,
Fazer-te uma reverência solene neste breve instante;
Curvando-me respeitoso ao meu passado distante.