Só o que fica

Como é difícil abrir as mãos e ver cair tantas coisas...

Como é difícil ver que pouco a pouco vou ficando

ausente.

É tudo tão vazio e frio agora...

Vejo voltar a mim as reticências e as interrogações.

E quando olho pra dentro,

não há mais nada.

Não há risos...

Não há sonhos...

Não há nada...

Só um imenso e triste e indescritível vazio.

Tantas coisas têm passado por mim

na minha teimosia em exitar...

Parada, às vezes, vejo as pessoas me (e se)

interrogando sobre diversas coisas.

Parada, vejo que não existe resposta.

Ser feliz é simplesmente fazer feliz.

É olhar pra si e não se ver... e ver além.

É não acreditar que é real.

É sentir (mais que ter certeza)

que tudo pode acabar bem...

E o avesso é não ver mais nada.

É não ter nem sim nem não.

E estagnada, bato a porta de um quarto que não é meu.

Não está nada fácil, se quer saber...

Repito-me nas frases que, às vezes, amargam

minha alma e paladar.

E minha vontade... já nem quero mais dizer,

mas é a de sumir e calar esse vazio.

Tenho medo de que isso não passe...

E eu sei que o medo alimenta esse vazio,

mas não posso evitar.

Eu sinto muito...

Sinto muito se só lamento.

Se só restaram lamentos...

Silvia Coutinho
Enviado por Silvia Coutinho em 20/12/2007
Reeditado em 08/10/2020
Código do texto: T786076
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