A Alma e a Noite

Mais um dia cumprido!

O Sol findou no horizonte poente

dos meus ais...

E a noite vai nascendo!

Voo de sombra doce, brava, silenciosa ...

Hora de medo e espanto ...

Mudez falada, esperança vã, tremor,

agonia, quebranto ...

E baixo os braços, inclino o rosto,

meu corpo de cansaços, feito de versos,

de rastos, procura a Alma sem descanso.

Mas só resta espasmo e quimera, saudade

e solidão ...

E a Alma ... e a noite ... adensam-se!

E pesa a vida... e ruge a morte ... e as gentes!

Presença intangível ... devaneio e desgraça!

Frio e remorso ferem-me os sentidos,

gritam em silêncio no eco desta praça ...