O ás de espada
Encontrei hoje numa mesa suja
Uma carta de baralho meio amassada
Por um instante logo pensei: fuja!
Mas cedi à minha sorte desgraçada
Um ás de espada tanto me intrigava
Escorregava teimoso entre meus dedos
Mas um vento nédio, de repente levava
O motivo ou cura de todos meus medos
Medos alguns de não prever
Uns outros mais lesos de perder
Um receio, enfim, uma angústia douda
O que fostes pra mim tudo esquecer
A carta girava dançando num redemoinho
Junto a umas secas folhas todas caídas
Meus olhos tão fixos choravam um pouquinho
Enquanto me vinham açoitar memórias doídas
O ás de espada, tu o deixara comigo
Antes um pouco de seguir teu caminho
Catei-a das folhas, no meu bolso um abrigo
Agora de ti tinha em mim um pedacinho.