Versos tortos para amantes que não amei

A carne é fresca a pele é macia, sem alma eu aparecia

Época que minhas paixões eram equações matemáticas

De dois que eram um virou-se zero, uma falácia

Daquela pessoa não se extrai meio nada, nem por mágicas

A vida, a minha, a dele e a de outros, ele queria

Desliga-te de mim, mas me quer apertar em suas presas

Estava morta e quis continuar mórbida em seus braços, você sabia

Embriagando-me de ilusões, veio com pressa e conseguiu o que podias

Esvaiu-me em choro e vômito, restou-me a insônia,

Não por qualquer um, mas a vida entrou nas minhas veias

Velhas roupas novas servem-me novamente, magia

Olhares de ressurreição verdadeira olham-me com paixão pelos dias

A alma o espírito, o estopim de fenômenos, a essência

O vento bate em minha face como os sinos das igrejas reformadas

Não saio mais desiludida nem com a amiga inconstância

O cheiro do rio não é mais de esgoto, fuligem e sujeiras

Deixei de ser sonho para pensar numa única estratégia

Esse presente e o futuro, na passagem de cento e duas semanas

Excessiva maldição que assola a terra e o ar, e a água contamina

Purificaram-me depois do incêndio aquelas chamas

Volto com a mente limpa e a rara sabedoria

Sei menos do que pensava saber de noções passivas

Já consigo erguer minha face aos astros pela experiência

Humildemente recebem-me melhor que vivos de mortalhas

Fez-te frio como o mármore, tóxico e fingia

Versos tortos para ti que nada deu-me, ladrão que sorrias

Pensou roubar-me tudo e na sua nulidade mental mentia

Renasço e lhe trago um poema de tristezas não sentidas

Se quiseres permaneça em suas cruel fantasia

Continuo fazendo o melhor dada as circunstâncias

Praguejar seu futuro ou cintilar ódio, eu poderia

Há outra hipótese, a porta fechada, espio das janelas

Sem suas mentiras abafadas você perderia

Para que possas entender sem confusões e perdas

Algo há de destruir ou construir - tenha inteligência

O ódio,não - todavia a sensibilidade ressurgiu-me de migalhas