Sonhos de Papel
Um aperto pelo apego que suplica de saudades;
um grito aflito na distância escondida e fria
sob escura sombra da solidão.
Sua presença entre seus pés;
atrás de seus papéis, mudos e ávidos
apegados aos timbres; rótulos.
Papéis arquivados de palavras solitárias
montadas em papéis; ao redor dos papéis...
Um carinho impermeável de amor reciclável
integraliza seus alimentos de papéis...
Minha indignação desacomodam papéis;
arranha, rasura, atordoa palavras engolidas à seco
que sobrevivem na esperança de encontrar o amor
atraído por um cometa,
uma coroa de arco-íris,
o encanto do canto,
o desabrochar da rosa cor-de-rosa
que transforma o peso dos papéis em sonhos de liberdade.
Eliana Pontes
manuscrito de 1985