A APOLOGIA DO A

A APOLOGIA DO A

Ele é o feminino do o .

Mas, apesar de feminino é "ele" e não "ela"

É contradição sem tradição . Mas tem tradução.

É português e pode ser alemão.

É multiforme: alongado, arredondado, afilado, assimétrico.

Tem muitas cores: amarelo , azul, e por afixo de si mesmo, avermelhado.

É antigo, e o antagônico : atual.

Antipático não é, mas o avesso.

Tem luz própria: alumia.

Ama apaixonadamente e adora as auroras.

Saudade? só da Amélia.

Tem passado e tem futuro, pois é a letra do amanhã.

É "A" craseado, às vezes anulado ou aviltado.

Cá um agudo, mas no âmago um circunflexo circunspecto.

Torna as coisas boas ou más através do adjetivo.

É artigo definido e, se preciso manda aviso.

Aqui está no começo, no meio da maracutaia, e lá no final.

Tem o dom divino da onipresença. Não se ausenta.

Se acha ao mesmo tempo aqui, ali e acolá.

O plural de A é as, e o de áz é azes.

Que são quatro no baralho, mas só três tem A:

o de copas, o de ouros, o de espadas e o de paus.

O de aspas não há.

Tem um primo apessoado que tem sobrenome,

é o A Gá, que a seu lado fica atônico, mas jamais atônito.

Ah ! ... há algo no ar (averiguar afinidades)

Está no começo do alfabeto e também no fim, no apocalipse.

Agora acabou...

William Bird
Enviado por William Bird em 16/02/2006
Reeditado em 14/09/2017
Código do texto: T112398
Classificação de conteúdo: seguro