Fantasma

Como o vento leve da tarde, ele voa

Pela noite preso em silêncio, ele canta

E de cemitério em cemitério ele rasteja e deixa

sua marca invisível,

seu choro sem pranto.

Dentro dele correm as canções de ópera,

sombrias de um nascer do sol prateado

Ele sempre estará a vagar entre os vivos,

mesmo que seus olhos não possam ver a vida.

A vida? essa já se foi para um grande fantasma.

Incolor de matéria, indolor de amor,

e sua alma querendo as janelas da vida,

sonha em esquecer o passado.

Mas ele não pode viver.

Ele estará ali, sempre preso à noite

e ele não poderá nem dormir!

nem acordar, nem sonhar...

só voar, rastejar, passar, cantar...

feito um simples inseto que ninguém vê,

mas todos sentem sua presença.

E todos vêm as folhas de outono voar ao seu redor,

só porque ele passou,

só porque ele cantou,

só porque ele rasteja e deixa

a marca de um grande fantasma.

JHM
Enviado por JHM em 17/09/2008
Código do texto: T1183198