Monólogo das Mãos III

          "As mãos dos idosos revelam os caminhos palmilhados cujas histórias ficaram registradas"


Não nos olhe assim!
Fita-nos como se fossemos
seres extraterrestres.
Somos almas cansadas
resquício de um passado
repleto de alegrias
Cumprimos a nossa missão!
Embalamos filhos, netos
bisnetos,afilhados,amigos
e alguns estranhos a nós
Alegramos os seus dias
com guloseimas que 
carinhosamente fizemos
Ajeitamos nós de gravatas
amarramos cadarços
penteamos cabelos
acariciamos, embalamos
ao som das canções de ninar
Lavamos fraldas e uniformes
passamos a ferro,com carinho...
arrumamos casas e armários
ajeitamos flores nos jarros
e nos ataúdes
enxugamos lágrimas!
Hoje, solitárias
ressecadas e envelhecidas
não nos buscam mais
Já não temos serventia
Aguardamos assim o momento
que nos ajeitem sobre nosso peito
no último momento do adeus!
Quiçá levaremos conosco como lembrança
alguma lágrima descuidada
tombada sobre nós!



bjs soninha


Sônia Maria Cidreira de Farias
Enviado por Sônia Maria Cidreira de Farias em 23/09/2008
Reeditado em 25/07/2012
Código do texto: T1192897
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