LETRAS DERRAMADAS

Textos poéticos de variadas emoções estão em partituras

e dançam suas letras derramadas em alguns pentagramas,

onde posso brincar de ser feliz montado no meu pônei,

galopando no carrossel das ilusões segurado pelos sonhos.

Estou nutrido dos devaneios com o sorriso largo e farto,

cultuando a serenidade apurada no curso da longa estrada.

Com os circuitos bem afinados e orquestrados em disparada

cavalgo e penetro nos temas repletos da semente de poemas.

Redobro o ânimo e rebobino os vôos lépidos rumo ao vento,

tendo as sílabas como belas fiéis namoradas e companheiras.

Suspiro e esparramo as palavras adocicadas, delicadas e ligeiras,

enquanto o caju se encharca num copo de vodka congelada

e os acentos saltitam faceiros, balançando o rabo pelo alfabeto.

Espio alegre a festa da despedida dos tremas e alguns fonemas

numa orgia sintática da galáctica estelar das mutantes vírgulas.

Nessa balada adoidada a poesia, tresloucada, fez aqui morada.

Passeia de pés descalços pela calçada ladrilhada e enluarada

e a moçada ensaia, numa roda de saias, uma prosa animada

onde os dedos atrevidos navegam pelas peles bronzeadas.

Nunca vi cenário com enredo tão belo, lúdico e psicodélico.

Estou como em estado de êxtase, sentindo o corpo em delírio

nesse festival de sentidos misturados a estes meus rabiscos,

Parece até uma convenção de hippies em defesa da erva canabis,

com declamações entusiastas e alvoroçadas, entoadas nas sacadas

onde algum Romeu romântico dedilha sua viola numa serenata

à sua amada Julieta que se deleita, apaixonada, ali debruçada.

Assim composta à trova o amor vingou e mostrou a sua força

aqui registrada neste doido tipificado diálogo poético gramatical.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 08/11/2008
Reeditado em 15/11/2008
Código do texto: T1272086