O poema Inicia...

O poema inicia:

não há palavras pra descrever este acontecimento.

O poema inicia,

passeia imundo

limpo de verbo

que lhe minta o cio do silêncio

e silencia...

mergulha em metafísica,

evita o papel,

dilui em vapor onírico,

ausenta-se de si...

O poema

não espera tinta:

dá a partida

e deixa um louco revirando

o quarto

a sala

a casa

um planeta inteiro:

essa

esfero

gráfica

perdida.

É leve o poema,

69 quilos de nostalgia.

éter

na

mente

idílico

o poema vicia

O poema inicia:

não cabe no corpo.

Vaza pelos poros.

Evapora

O poema

O poema que já nem quero

transborda em devaneio

o universo desta hora.

Mero pó-poema

calcinado,

poema sem valia.

Não se fixa nas paredes

o poema:

asfixia.

Quer o suicídio

O poema...

(Subsídio para nem chegar a ser)

Olha a janela aberta,

Toma um pouco de ar,

Fecha os olhos...

Lá se vai o poema!

Harley Dolzane
Enviado por Harley Dolzane em 06/04/2006
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