Velho engenho

Eu sou o pecado em forma de gente

Eu sou seu desejo que nunca mente

Eu sou o meio e a saída

Sou o brilho nos olhos, sou sua vida

Sou o amor dos mortais

Sou o fulgor da espada, o navio no caís

Eu sou o anjo que olha inocente

Eu sou o demônio mais indecente

Eu sou a fúria dos cães

Eu sou o calor das paixões

Eu sou a flor e beijo

Sou da dor o jeito

Eu sou a mania de amar

Sou a forma mais fácil de odiar

Eu sou a única fonte de água

Sou o rio que deságua

Eu sou a piedade e o perdão

Sou da mente a emoção e a razão

Eu sou o ribombar dos trovões

Até da máfia os cafetões

Sou a rosa no jardim

Sou a face do fim

Sou a bruxa que te seduz

Sou a esperança que a alma traduz

Eu sou seu desejo mais secreto

Teu futuro incerto, o tarado indiscreto

Eu sou o querer sem querer

A lua ao entardecer

Sou a raiva, eu sou a bala do canhão

Eu sou a pedra que rola no chão

Sou a perdição de transar

Ou a língua no beijar

Sou seu vício inquieto, sua lágrima fria

Sou seu riso que sorria

As palavras, mentidas e omitidas

Eu sou o toque de Midas

Eu sou o fingir e o fugir

Sou o roubar e possuir

Sou sua miragem

E a fragrância da imagem

Sou o suor que escorreu

E a areia que esqueceu

Eu sou da morte o passaporte

O transporte

eu sou a fada que te emociona

sou o que tudo ocasiona

Eu sou o deus que se perde

Sou o metro que te mede

Eu sou o silêncio das vozes

O sabor das nozes

Eu sou a solidão, a depressão e a fusão

Sou a tua única consolação

Eu sou a saudade que bate

Sou a cura e a doença que invade

Eu sou o sol a brilhar e a borboleta a voar

Eu sou o mar e o seu lar

Sou a dor de cair

Sou a intensidade em sorrir

Eu sou a criação e a ilusão

Eu sou os pássaros no céu

Sou a coincidência, sou o júri que condena o réu

Sou o mistério por baixos dos véus, os fiéis

Eu sou o gosto amargo dos féis

Eu sou a facilidade

E a imensa crise, a dificuldade

Eu sou a corda do violão

Sou a letra da canção

Sou a graça do gato

E a ventania no mato

Sou o começo e o fim

Sou seu mais belo jardim

Eu sou seu porto e conforto

Eu criei o ser

E me deixei envolver

Agora sou o individuo mais humano

Eu sou o mendigo mais mundano

Sou o mais escondido sonho

Sou o mais velho conto.

(18.02.04 – terminado em 22.12.08)

Adrianna
Enviado por Adrianna em 23/12/2008
Código do texto: T1350333
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.