ANDARILHO

Sou andarilho das palavras
Não tenho rumo
Não tenho planos
Nem unidade
Mato a fome e a sede nos versos
Por eles interpreto e expresso 
O meu sentir
Com elas capturo e escrevo o contorno
Do meu universo
Aliso as ruas das emoções
Por onde passa
O comboio de meus sonhos
Com que me liberto
Com eles me defendo
Com eles vôo no espaço sensível
Por elas sou sentido
Sou medido
Sou pensado, filtrado
Sou eu mesmo, sou outros, vários, sou diverso
Sigo o fio de um sentido
Que uma palavra ligada a outra desperta
A palavra é a montanha
Que escalo
A abrir-me outros ângulos, outros horizontes
Nas matas do pensamento,
Onde tudo é grande e tervigerso
A palavra é minha alma no papel,
Nua, aberta, cria suja de sangue
A trilhar caminhos
Caminhos fechados dentro de mim
Nos quais ela me deita
e me faz sonhar
De corpo leve e olhos abertos.
 
Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 23/05/2009
Reeditado em 16/02/2010
Código do texto: T1610326
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