Café e vinil
Outro dia encontrei-te
numa esquina
flutuando em meu quarto
Você apertava-me o braço
apressava-me o passo
falava baixo, quase inaudível
Por nós, passavam pessoas
letreiros, ruelas, encruzilhadas
nos atropelando sem som
como em cinema mudo colorido
Então surgiu uma vitrola e um vinil
do teu lado, uma xícara de café
do meu, uma vitrola
com um dedo eu rodava
com dois, você derramava
Rodar e derramar
formavam música diferente
como se sincronicidade houvesse
Experimentamos inúmeras variações
Tal coisa inusitada
sabendo ser sonhada
Despertou-me às gargalhadas