Estou a esmo
Estou a esmo...
a tarde passa ao meu lado,
como uma velha amiga.
Os embriões na terra renascem,
escavam seu futuro,
delineiam um fiar de horas.
Cortantes silenciam os endereços.
Uma rua sem saída,
o beco, a esquina, a história.
As costas do mar arrastadas pelo sol...
Sinal afugentado, momento atônito.
Pelo exame de fragmentos, soluçam
os encontros discordantes.
Quem grita é o livro,
sacode seus poemas abandonados,
recorda a velha amiga tarde.
E a certeza das folhas se distrai
e caduca no recital.
Bravura de um gigante adormecido.
Fuga, parada, luz cromática...
despautério de conexões precipitadas.
A tragédia solapa a indecisão:
desce, carrega, desnivela, corrói.
Estou a esmo...
a tarde me retribui com um alerta.
Já não desfilará por aqui.
São Paulo, 7 de julho de 2009.