Ao cair da noite

À noite, tudo pode acontecer

Aquilo que é, pode não ser

Quem é fraco fica forte

Quem é vivo encontra a morte

O enfermo se torna são

O que é teto vira chão

Da paz se faz a guerra

Dos céus se faz a terra.

Quando chega o anoitecer,

O que é morto pode viver

O que é turvo fica sereno

E o calor se faz ameno

Da eternidade faz-se o momento

Do desatino o contentamento

E do silêncio vem o canto

E do sorriso vem o pranto.

À noite, tudo pode parecer

Quem não via, pode ver

O amor desfaz-se em solidão

Toda a luz em escuridão

Tem coragem quem tem medo

Agora é tarde o que já foi cedo

Dos distantes fez-se um amplexo

E do simples, o complexo...

O que há de começar

Há também de se acabar

Aquilo que se fez

Há de ir-se embora,

Mas voltará, talvez,

Quem sabe outrora...

Já se foi a hora, hora do amanhecer

Chega, agora, a vez, vez do amanhecer.

Arconte
Enviado por Arconte em 04/07/2006
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