Preternidade num copo

Quando me olhas

te desejo

ah, me desejas

sinto o sabor

de suas cerejas

repreende as

minhas cervejas

embriagado

te agarro

repreende

o meu cigarro

te amo

e sinto seu cheiro

farejo seu amor

te amo

e sinto seu sabor

e se há dor

há carinho

e com beijinho

seguimos nosso

caminho

esquecemos

de tudo

bebemos

um vinho

seco com peixe

tinto com massa

de repente

cê me amassa

de repente

cê me abraça

macios pincéis pintam

artesanatos de nossa história

manufatura

de um futuro

poucas palavras

num telegrama

que soa o importante

e a flanela que limpa

a nossa estante

nesse instante

é flutuante

navegante do nosso cosmo

alvejante do nosso caos

palitos misturados em paus

resta um

restam dois

e se apitas

eu apito

e se me olhas

te desejo

preternidade

de nossa finitude