RECLUSÃO
Vejo um jardim florido
Que não sai na rua,
É recluso, escondido,
Fica em seu canto
Mais contrito e aplacado.
Recebe a claridade das vidraças
Do casarão ao lado,
Que se apinha a outros em círculo,
Como um pequeno bosque de concreto.
E as aves apenas se achegam
Por entre frestas de tijolos
Mal colocados em fachadas íngremes.
O suspiro alivia a tensão do ar
Em imensas nuvens balbuciantes
Em início de verão, depois que sentiram
O açoite fino e destemido do vento.
São Paulo, 11 de janeiro de 2010.