RECLUSÃO

Vejo um jardim florido

Que não sai na rua,

É recluso, escondido,

Fica em seu canto

Mais contrito e aplacado.

Recebe a claridade das vidraças

Do casarão ao lado,

Que se apinha a outros em círculo,

Como um pequeno bosque de concreto.

E as aves apenas se achegam

Por entre frestas de tijolos

Mal colocados em fachadas íngremes.

O suspiro alivia a tensão do ar

Em imensas nuvens balbuciantes

Em início de verão, depois que sentiram

O açoite fino e destemido do vento.

São Paulo, 11 de janeiro de 2010.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 11/01/2010
Código do texto: T2023560
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