Rabiscos e Rascunhos

Dos rascunhos e dos traços que criei

Acabei por fazer um sol meio quadrado

E em alguns momentos da vida eu deixei

O que era certo ofuscado pelo errado

Fiz tantas poesias e depois rasguei

E rabisquei o meu mundo tão sossegado

Escrevi frases e a ninguém mostrei

Criei meu universo assim personalizado

Pelas gavetas minha história eu deixei

E lá estava o seu nome adulterado

Rascunhos que representam o que não sei

Amores e ódio alimentam o mesmo prato

Rascunhos do meu tempo de escola

Da infância mergulhada num riacho

Das torrentes chuvas no jogo de bola

E a poesia disfarçada num retrato

Ah, se eu pudesse rabiscar de novo a vida

Daria vida aos amores congelados

E em cada linha rabiscava o seu poema

Com o seu nome no meu peito encravado

Preciso urgentemente da borracha

E sem trapaças apagar o meu destino

E colocar-te como o o meu anjo da guarda

E assim desaguar o meu sonho de menino

Nas entrelinhas do papel que me condena

Não tive a coragem de cerrar os próprios punhos

E quem sabe a minha história se condensa

E valerá a pena trocar os originais pelos rascunhos