O MAR DENTRO DE MIM

No espaço que me tomava a falta da clareza,

Coube o meu engolir do mar que fiz necessário.

Possuí-lo em sua forma de grandiosa nobreza,

Eu adentro assim no verde-azul do imaginário.

Sempre quis tê-lo em meu poder tão absoluto,

Para afogar as mágoas internas que me roíam.

Desfiz enormes feridas em grossos sais de luto.

E num maremoto violento, as ilusões morriam.

Entrei em redemoinho delirante do desconhecido.

Resgatei lá do fundo as figuras do meu passado.

Vi o menino que ressuscitava deste mar afogado,

Era eu um lindo filho de tritão e sereia, renascido.

Na minha nova pele não existem mais os ferimentos.

Em meu corpo-peixe agora eu uso belos ornamentos.

Tenho uma bonita coroa de conchas raras do mar,

Possuo um tridente de prata para todos intimidar.

Tenho um túnel cheio de tesouros abaixo de um navio.

Sei de todas as histórias passadas que nunca se ouviu.

Uma vida que eu na minha fantasia sempre a desejei,

Posso eu agora nadar dentro de mim, sinto-me um rei.

Neste novo lar eu vi em espelhos de águas calmas,

Como uma imagem prateada a engolir suas almas,

O que tudo de errado tinha me acontecido na vida,

Entre a existência do poder e sua benção requerida.

Eu entendi também porque o mar na sua amplitude,

Dá paz à alma, faz bem ao coração em sua quietude.

Quando ele é admirado, a sua tristeza ali é esquecida,

E na mútua contemplação, não quer ver a sua partida.

Por toda a eternidade eu curtirei essa louca liberdade.

As alucinações deste sonho parecem reais miragens,

Mas, ao dar um profundo mergulho vi a fatal verdade,

Gigante da dor que sangra em constantes sondagens.

Descobri a importância do seu viver mesmo sofrido,

Assim como a ti eu também sinto aquilo que me feriu.

Nas veias de rios poluidores por humanos é agredido,

A violência em grandes derramamentos já lhe atingiu.

O sangue negro que no fundo adormecia eternamente,

Em ganância por valores tornou-se um imenso perigo,

E de tão grande, não pode fugir em meu próprio abrigo.

Só resta então a esse mar de lágrimas penar lentamente.

Não voltarei mais á realidade e não deixarei nossa amizade.

Dentro de mim ele já está morando e me ajudou a entender,

O que será nossa maior missão para se cumprir na atualidade,

A preservação dos rios e dos mares, para podermos sobreviver.

Setedados
Enviado por Setedados em 01/06/2010
Reeditado em 16/03/2011
Código do texto: T2292377
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.