Vinte Doze

Mais fantasia,

Mais ironia,

Dane-se a galhardia

E viva a hipocrisia.

Que reine Dionísio,

Que se decretem bacanais

Em que desejos anormais

Convivam com bestas irracionais,

Ao som de Piaf e doutros pardais.

Que só vigorem desejos carnais,

Apetites animais

E que o vinho escorra

Como escrava forra.

Nau dos insensatos,

Pornógrafos entreatos,

Que de tudo se chame

E que de nada se reclame

Nas orgias

De todos os dias.

Que impere a nudez,

A desfaçatez,

A embriaguês

E quando tudo já se fez,

Dionísio regresse

Com nova messe.

Que Minotauros sejam paridos,

Nessa roda de perdidos,

Nesse chão de decaídos,

Ao som das francesas cancãs

Que apagam os amanhãs.

Pois eis que é gerado novo estupor,

Como murro na cara de Conservador.

Que Bacantes

Urrem como antes

Por esses mares nunca dantes ...