PERIGUETE-VAGABA

Era só uma plantinha frágil

Nascida no fundo do quintal

E por um destes acasos da vida

Foi que diligente, o jardineiro

Mudou para a frente da casa.

Cuidou dela, deu-lhe água

Combateu ervas daninhas

Matou insetos predadores...

Com o tempo, por gratidão

Fazendo-se árvore frondosa

Oferecia sombra e doces frutos.

Não faltaram, porém, madeireiros

Gananciosos, para seduzi-la

Com promessas vãs, que seria

Mesa de importante escritório

Ou até cama de algum palácio...

Atento, contudo, o jardineiro

Cercou sua planta de muros

Mas sem colocar-lhe telhado...

Se entrou vento, sol e chuva

Também aves de rapina

Disfarçando em melodias

Seu grasnar de maus presságios.

Por isto, ou apesar disto

Do jardineiro, a árvore

Fez-se ingrata e esquiva.

Não lhe concedendo mais que

A ponta de um velho galho

Para que amarrando uma corda

Enfim, ele nela se pendurasse.

Nada como um dia após outro

Por haver crescido demais

Oferecendo risco à vizinhança

O corte da árvore se cumpriu

Enquanto do quintal, outra planta

Com zelo o jardineiro trazia.

dilermando cardoso
Enviado por dilermando cardoso em 23/07/2010
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T2394202