ÓPERA DA MORTE

Um sininho anuncia! Toca um acorde na melodia!

Em seguida, vai se abrindo uma linda cantata,

Na dulcíssima voz que traz a tristeza e alegria.

Criaturas estranhas de mim começam a escapar,

Saem, e sobrevoando o meu corpo, rodeiam-me...

São como anjos sem rostos querendo me atacar.

Ao mesmo instante nos graves solos do tenor,

Outros seres aparecem e afastam os invasores.

Do choro ao sorriso, dor que vai até ao louvor.

Expiação que é felicidade, de um aperto no coração,

Uma inteira vontade de estar somente no meu céu...

Com as batalhas dos instrumentos em luta e emoção.

Oboés e flautas lastimosas seguem aquele lúdico piano,

Nos toques suaves das cordas da harpa eu alço um vôo,

Canção que parece me penetrar na voz de uma soprano.

A grande opera, em vida dupla já me transformou,

Devagar... De meu pungente alvéolo eu vou saindo...

Para outra dimensão agora, essa sinfonia me levou.

No meu rosto extasiado, a cada lágrima que rolou,

Tem o significado de uma extrema e intensa paixão,

Que estava presa, e essa penetrante canção livrou.

Tudo que é venerado, me apareceu muito de repente,

E foi-se embora num sopro que durou uma eternidade,

Depois de ter se quebrado esse muro em minha mente.

Os tambores repicando em frisson no timbre dos pratos;

Violinos intensos e sôfregos entram na minha clara alma.

Minha pele arrepia, revivo em mim todos os meus fatos...

O coral que canta alto, me assombra em contentamento;

Tenho vontade de gritar e grito expulsando os horrores,

E no meio dessas dores, ouvindo o som, eu morro lento...

Setedados
Enviado por Setedados em 01/08/2010
Reeditado em 07/07/2011
Código do texto: T2412147
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