O pássaro da gaveta
abri-a
ali estava ele
resistiu ao tempo
ao meu desprezo
porém não voava
não cantava
mas era o meu pássaro
toquei-o
senti suas penas
tomei-o nas mãos e
deixei-o junto ao meu peito
aqueci-o e fiz-lhe sentir que
eu respirava
meu pássaro foi revivendo
e como num toque de mágica
ele voou
deixei-o voar por entre o quarto...
mal tive tempo de abrir-lhe as portas
ele rompeu as paredes e voou
escancarei a janela
para vislumbrar seu vôo
e ele voava
alcançava o céu!
virei-me e
olhei a gaveta
fechei-a para sempre
e o meu pássaro?
voa por todos os lugares
por todas as eras
nas asas da imaginação