Folhas, mil folhas de mim

Folhas, mil folhas de mim...

Já percorri tantas bibliotecas em mim

Que chego a ver corredores em minha alma

Há portas e portas, prateleiras e prateleiras sem fim

Alguns livros sem poeiras, aqueles que mais folheio...

A coleção do vazio... Está no birô central

O livro saudade,

caiu ainda pouco de uma antiga poltrona...

E uma fraca luz de um abajur ainda o iluminava

Já o devolvi a estante, após tirar-lhe o pó

Umas anotações de ontem revoam as prateleiras...

E uma folha em branco me olha com afeto...

Sou a pena inquieta do arquiteto

A construir castelos de palavras...

Meus livros são da alma, o mais profundo,

O sótão de meu mundo já descrito

E as folhas hoje soltas de meu grito

Ecoam nas paredes sem cessar.

Bate então a porta! Um vento frio

Ocupa os corredores de minha dor

Desapareço em meio a alguns livros

Sou só a alma nua já sem cor

Márcia Poesia de Sá

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 09/12/2010
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