Enquanto a chuva canta

Enquanto a chuva canta

Lá fora a chuva canta sua canção em gotas

Como lágrimas nada poucas,

a banhar as gramas da razão

Minha mente vaga e na alma

há tempestades e calmarias

Lá fora...

As andorinhas hibernam macias

Por entre abraços de galhos já quentes

E em minha mente algo fagulha

Uma imprecisa sensação de angustia

Algo de adeus...

Lá fora a poesia congela petrificada

Espera tão demorada...

de um dia amanhecer fantasia

E na utopia das horas

As notas transitam do passado ao presente

Como que bailando dolentes

Por sobre a pele da vida

E como se já não bastassem

As internas cachoeiras...

Lá...logo ali adiante

Vejo os cristais das gotas a brilhar

Como diamantes dos céus

Que retornam ao berço

Alimentando o jasmim e a begônia

Fortalecendo o verde de esperança

E despencando em mim

Como chuva

Gotas de matança.

Márcia Poesia de Sá – 04.06.2011