Ato Falho

Como sou dissimulada

e me mascaro tão bem,

como o ser dissimulado

dos amores que não tem.

Me pedistes para sofrer,

e bem sabes que é verdade.

Só te fiz o que me pedistes:

dei-te adeus e até mais tarde.

E agora me chamas de má,

de bem ser dissimulado,

e bem sabes que não me engano,

deixo-me ser, bem obrigado.

Teu ar de homem feito

só deixou-te mais impotente,

quanto a mim, pouco bastava,

para deixar-me contente.

Apenas a vontade de machucar-te existiu,

mas admito, enfurecida, que não o fiz.

Me machucastes primeiro

ao pedir-me tal ato falho.

Quis de ti o que não quizera de mim,

tampouco pensei que me amarias.

Sabes que meu coração carrega carne fria,

e que se te cativei me permitistes tal cativo.

Éramos apenas dois tolos:

Eu, menina sem coração,

Machuquei-te, homem não tão bom.

Perdoe-me, mas tu que me pedistes, recorda-te.

Sabes que nosso amor não existe,

não te quedes triste,

pois noutro lado ele está,

não comigo, mas com quem quer-te a chorar.

(*Ao Monstro)

Aura Ksna
Enviado por Aura Ksna em 08/08/2011
Código do texto: T3147697
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