Sou Vampiro

Vampiro, sou condenado.

Quem diz que me ama,

mente.

Quem deveria me amar,

desamou.

Sou vampiro condenado.

Sinto a falta de abraços e beijos.

Não posso tê-los.

Roubá-los, sim.

Não posso recebê-los.

Decretá-los, assim.

Sou vampiro condenado.

Quem diz que me ama

não me abraça e não beija.

Quem deveria me amar

não me abraçou e não me beijou.

Sou vampiro condenado.

Não tenho direito ao toque.

Não tenho direito ao calor humano.

Sou vampiro condenado.

Sentencio à Morte.

Quem diz que me ama,

me guarda (com Credos e Cruzes),

me fiscaliza (com Água Benta e Mirra),

me vigia (com Luzes e Alhos)

para que eu não toque,

para que eu não seja tocado.

Sou vampiro condenado

Óleos e Alhos.

Quem deveria me amar

morreu de suspiro.

Olhos à espreita.

Sou vampiro condenado.

Minha sentença:

Vontade de ser amado

sem poder amar.

Minha pena:

Viver vagando

sem sentir o calor humano.

Minha condenação:

Sentir o desejo

de abraçar e beijar

sem poder ser tocado ou tocar.

Sou agente de Morfeu.

Sou vampiro condenado.

Não tenho direito ao amor oficial

e nem ao amor marginal.

Sou vampiro condenado.

Sou a Morfina em corpo humano.

L.L. Bcena, 09/09/2000

POEMA 641 – CADERNO: INSTANTES.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 16/12/2011
Código do texto: T3392014
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