METAMORFOSE DALTÔNICA

Seus olhos azuis-celestes de oceano eterno

São dois mundos que se entronizam no que reluz

Como ouro lapidado entre o céu e o inferno

Em busca da estrela efêmera que é o seu capuz

Seus olhos castanhos-claros de escuridão profunda

São dois mundos que se completam em frações do outrora

Como prata reluzente em êxtase que o passado afunda

Em busca das almas retardatárias que perderão a hora

Seus olhos verdes-cinzentos de esperança cega

São dois mundos gêmeos que nasceram um dia ilesos

Como bronze esmaecido que a cegueira prega

Em busca da liberdade indômita dos que nasceram presos

Seus olhos azuis-castanhos de espelho interno

São dois mundos que refletem a cor de sua alma

Como ouro e prata misturados na estação do inverno

Pra amenizar a plangente dor que só o verão acalma

Seus olhos verdes-claros de pesadelo forte

São dois mundos em labirintos de seqüelas frias

Como prata e bronze transfigurados em vida ou morte

Pra ofuscar a imprevisão das noites e o olor dos dias

Seus olhos azuis-cinzentos de sonho insone

São dois mundos perdidos no espaço do fim constante

Como ouro e bronze disseminados na avidez sem nome

Pra prolongar, enfim, a música que o tempo cante.

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