Corre disse a Tartaruga.
Corre! disse a tartaruga
Atreve te! disse o covarde
estou de volta disse um cara que nunca foi a nenhuma parte
Salva-me, disse o carrasco
Sei que foi você disse o culpado.
Não me grites, disse o surdo
Hoje é quinta, disse a terça
E tu não te perfumes com palavras para consolar-me
Deixe-me sozinho comigo mesmo
Com o único inimigo que mal vive de pensão no meu coração.
O ciumento, o fugitivo
O mais escuro dos dois
O parente pobre da duvida
O que nunca se desnuda,
Se não me desnudo
O caprichoso, o orgulhoso, o outro
O cúmplice, o traidor.
A ti estou falando
A ti que nunca segues meus conselhos.
A ti te estou gritando
A ti que estas metido em minha pele.
A ti que estas chorando ai, do outro lado do espelho
A ti que não te devo mais que um empurrão
Que a noite me levou a escrever esta canção.
Não mintas disse o mentiroso
boa sorte , disse o blefe
Cuide da alma, disse o gordo vendedor de carne
Prova-me, disse o veneno
Ama-me como odeia os amantes
Drogas não, disse o traficante
Quanto vales, disse o gângster
A ponto de render-me estava.
A um passo de queimar as naves
Quando ao borde do caminho,
Por duas vezes o destino me fez um gesto
em forma de lábios de mulher.
Nos convida a um drinque?
Eu te enxugarei o suor,
Eu te abraçarei debaixo da roupa.
E quem vai dormir comigo?
Nem sonhes, respondeu uma indignada
E a outra encantada, não disse nada e sorriu.