POETA DE UM SÓ EU

Andei bisbilhotando o passado.

Malgrado lembranças, engraçado...

só achei azuis.

Tristeza, momentos de dor,

desprazeres...nada disto existe mais.

Interessante essa arqueologia.

Nem aqueles eus todos, cheios

de ranço, não-me-toques e

trejeitos de pavarotti desafinado

encontrei.

Nada mais dessas coisas marrons

estavam presentes nesse passado.

A impressão é que me libertei

de tantos meios-tons e que as

paisagens remanescentes só

existem em cores fortes após

tão atlântida descoberta.

Melhor o egocentrismo de um eu só.

Que seja, portanto, azul.

Como azul é o sangue do poeta,

imortal enquanto dure.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 30/04/2012
Código do texto: T3642503
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