Será que sonhei???O que você acha???

Ele veio pra me deixar com sono

Então jogou sua areia dentro os meus olhos

Vencida pelo cansaço devagar fui adormecendo

Embalada pelo Senhor da areia que me pegou no colo

De repente acordei do lado de lá

Na cama jazia outra pessoa como eu

Igualzinha parecia tudo um sonho

Outro corpo que se prendia junto ao meu

Fiquei parada ali por instantes

Sem saber o que ali se passava

E andei tentando me livrar do que me prendia

Mas era tão forte o meu cordão de prata

Afastei-me do meu corpo gêmeo

E percebi que o cordão se estendeu

Estava tão consciente naquele sonho

Quando uma mão de luz a mim se ofereceu

Deu-me ali um tanto de medo

Pois não via rosto era só luz espiritual

E fui conduzida por ele que se dizia Lino

Ainda sem saber se anjo, demônio ou animal

Não me atrevi pelo medo a virar o rosto

Mas me dizia coisas sem sua voz ser ouvida

Transmitia-me tudo através do pensamento

E dizia-me que a vida era uma coisa divina

Fui deixando fluir aquela sensação gostosa

E olhei pelo canto do olho a princípio

Lembrei-me dele dos tempos idos de criança

Quando ninguém acreditava no meu amigo índio

Um índio bonito com uma luz esplendorosa

Que saia feito cachoeira do alto de sua cabeça

E quando fixei os olhos em seu coração

Vi que a luz rosada era ainda mais intensa

Saudou-me o índio de quem tinha tanto corrido

E estranhei um índio com aquele estranho nome

Foi quando me disse que era tudo plasmado

Se o quisesse mudaria sua forma e seria outro homem

Não entendi nessa hora do que estava falando

Então me disse que tudo aquilo era maya

Uma certa ilusão vista por nossos olhos

E quando sem ela, sairíamos da roda de samsara

A roda da vida e da morte que nos faz flor de lótus

Quando vivemos plenamente cada um dos momentos

Várias vidas pra sermos como cristais lapidados

E ao final sermos dignos da flor do conhecimento

Quis perguntar mais, porém era tarde

Comecei a perder a minha pouca lucidez

O índio foi virando de novo uma bola de luz

E acordei ouvindo: Passearemos outra vez!

Auricélia Oliveira
Enviado por Auricélia Oliveira em 03/02/2007
Código do texto: T367927