Algazarra e Morte (parte III)

(Título alternativo: "Triste Tarde das Putas Lamuriosas")

Ao entardecer,

Tudo, enfim, voltou ao normal.

As galinhas voltaram a nadar

Livres sobre as nuvens,

E as camas dos livros policias

Viram-se, novamente, ajuntadas

E postas, uma ao lado da outra,

A temer o escuro.

O pingo

Da gota

De suor

Que escorreu

Da barba

Do velho

Fantasma azul e mudo

Brilhou no mar vermelho

Que se criou da algazarra das virgens sacanas.

“A desgraça da vida”,

esbravejou o feto,

“É saber que somos todos merda!”.

“E o gozado da vida”,

replicou a borboleta,

“É saber que a virgem goza,

E a puta fala!”.

E as putas, então, calaram-se.

Mas o cínico é que

Somente a tal borboleta,

Até aquele momento,

Tinha percebido as lamúrias putanas.

Diogo Nunes
Enviado por Diogo Nunes em 10/02/2007
Reeditado em 13/11/2008
Código do texto: T375978
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