Desígnios da vida

Estranho, mas escuto alguém à porta de minha vida.

Insistente, pede permissão para entrar.

Nego uma, duas, três vezes,

Finjo não escutar, na expectativa dele desistir.

Quando à noite, só, relembro a ocasião,

Algo estranho insiste em me pedir para entrar

Não sei o que ou quem possa ser,

Imagino-me quase um louco, por não perceber exatamente a dimensão desse querer.

Sinto-me frágil, morno, sem razão,

Porém busco mais do que devo,

Entretanto, menos do que posso.

Somente assim, pareço servir-me de mim mesmo.

A noite puxa pela manhã,

A qual chega brindando-me com luz e calor.

A vida continua a balançar-me de acordo com seus próprios desígnios

E de forma lentamente voraz tenta esfacelar-me os pudores da consciência,

Como que a desafiá-la a renegar-se em prol do fácil que atrai, porém, escraviza.

Mas, há algo fora de mim e que deseja estar em mim,

Que por medo, repudio e não ligo.

Por quanto tempo, não sei mais se poderei resistir

Até, de vez para sempre, permitir sua entrada e entregar-me aos seus mistérios que jamais serão explorados.