Arara-azul
Ontem comeremos vinho sanguinolento
Amanhã bebi os seus lábios róseos
A flor noturna trouxe cerveja embriagada.
O calçado branco lácteo
do guarda-chuva escuro de seus
olhos claros.
Aquele leque negro de caracóis
esconde um disco voador purpurinoso
guiador de Breton, Dali, Buñuel e Nadja
Ah! Carrossel maravilhoso
Quem me dera morder a sua alma e
beijar a sua borboleta vulcânica.
Passeias comigo nesta
noite de semana passada
sobre as espirais raivosas
dos ventos vermelhos violetas.
A vida nebulosa suspira
as reminiscências da psicodelia
borboletária de asas outoniços
vibrantes e vagos
das nuvens do nosso travesseiro disforme
eu vejo Magritte surfando
a invisibilidade de um cachimbo.