PREFIRO
PREFIRO
Prefiro esquecer que teus olhos cintilam no ouro e brilham ao cair do sol,
vislumbram no cândido olhar a negra sombra a desaparecer sobre o céu,
em prantos selvagens o som uivou na luz, e voa a cambraia do meu lençol,
sangra a terra da vergonha, abrem-se portas em feridas, aguenta-se o mal,
será a clave a assinalar o tom, quarta corda do violino, quinta nota musical.
Prefiro desvendar a minha alma na natureza vingativa dos teus episódios,
amor-próprio, castigos são serpentes fora da paixão, teias em raízes abertas,
oh, peste dos sonhos, perfumes do mau tempo, a sudoeste venenos de ódios,
a tempestade sua, na guerra o amor tortura o suor da nuvem, triste fraqueza,
incapaz e prisioneira, vive a lenta solidão da fome, retratada na tua frieza.
Prefiro sentir as ossadas na pedra rochosa, vem um anjo rígido sem entender,
na ilha do saber parte o passado no anel afogado, moribundo silêncio não se vê,
regressado fugiu do mar das multidões, infindável desprezo nem o senti morrer,
ficou o figo de pita, a urtiga que pica, e nasce o cruel vendaval do que sobrou,
sem remendo, nem entendo, inglório sonho que fica, nem tu nem eu o sonhou.
Maia de Melo Lopo.
Lisboa/Portugal.10.
Registo de Autor IGAC-Ministério da Cultura/Lisboa.
Embaixadora Universal da Paz –Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix. France & Genève Suisse.
Delegada Cultural FEBLACA/ Brasil./Autora do Portal CEN Portugal e Brasil/Autora Revvistinha. Rio de Janeiro e do Movimento Internacional de Poetas del Mundo.Chile.