Fim do Mundo

"You may say

I'm a dreamer

But I'm not the only one"

(John Lennon)

Dizem que tudo no mundo

Tem explicação...

Há coisas

Inexplicáveis...

Estamos olhando o voo

De um pássaro e,

Profundamente,

Surge a dúvida:

Será que as coisas

Mais ternas deste mundo

Terão o fim?

Prefiro não pensar nisso

A ficar com a atroz ideia

De que nunca mais verei

O vento balançando as folhas.

Porém, como todo ser humano,

Atrevo a imaginar

Um "fim do mundo"...

Um mundo sem as ternuras,

Sem as doçuras,

Sem as canduras...

Um mundo sem mundo...

E, ao pensar neste findar de tudo,

Imagino, ou pelo menos

Tento imaginar,

Como seria o instante

Que roubaria o mundo

Do mundo.

Vêm-me à mente

Àrvores desfolhadas,

Flores perdendo suas pétalas

E lágrimas subindo pelo rosto -

Quando era para descerem...

Imagino mares e oceanos

Tranbordando rios...

Estes, como uma tempestade

De areia,

Vão transbordando igarapés,

Enquanto as águas lacustres

Retornam às nuvens.

Imagino as pessoas...

Velhos virando crianças!

Cabelos brancos ganhando cores!

Rugas sumindo!

Miopias curadas!

Mendigos felizes!

Vira-latas reis das ruas!

Mulheres virando meninas!

E crianças virando luz...

Imagino também

O tempo...

Horas passando como segundos...

Invernos e verões

Vertidos em primaveras...

Enquanto o céu finalmente

Vira mar

E o mar - finalmente -

Vira céu...

E imagino as faces das pessoas...

Prantos virando sorrisos...

O piscar dos olhos

Virando sono...

E gritos de desespero

Virando doces bocejos...

E tudo isso assistindo

À transformação

De grande perturbação

Em airosa calmaria...

Leitores, eu sei...

Pareço, aos vossos olhos,

Um romântico, um ultrarromântico...

Que procura encanto em tudo

Para fugir da sombra da solidão.

Pareço, aos vossos olhos, um otimista,

Um grande otimista -

Um sonhador que não vê a realidade...

Posso até ser um romântico,

Um otimista... Um sonhador...

Mas há uma coisa no mundo, leitores,

Que independe do vosso e do meu

Ponto de vista:

O nosso ponto de vista...

E por isso, amigos,

Prefiro ver um fim do mundo doce

A ficar com a atroz ideia

De um fim real do mundo.

Porque, para mim,

Toda mágica é imperecível...

E considero o mundo uma mágica...

Portanto,

No fim do mundo,

A mágica do mundo

Encontrará

Um novo começo.

E eu, se já na forma

De pó ou poeira,

Procurarei sempre -

Com dizeres doces -

Ser o vento que,

À noite,

Entra pela janela e diz:

"Prazer, pois a vida é um encanto..."

A mágica do mundo -

Por um triz -

Corre sempre o risco

Da eternidade...

15/12/2012

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 15/12/2012
Reeditado em 25/12/2012
Código do texto: T4037252
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