Enterra-me

Se derramei cicuta na tua boca

Foi com minha saliva que a tirei depois

Se te matei no entrada do céu

Foi minha mão que te salvou de mim

Esta espada cravada em meu coração

Sinaliza a distância que quero do teu colo

O tempo me atrasou ou cheguei tarde demais?

Tomei um trem que foi ao mar sem ter cais

Desarmei o carrasco mais uma vez

Prefiro o sabor da dor antes de possuí-la

É do sofrimento egoísta que me sirvo

Quero-o só pra mim

Basta-me, o cálice já só tem um gole

É minha a última gota desta agonia

Quero sorrindo beber sabendo para onde vou

Enterra-me, já estava morta e nem sabia.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 06/02/2013
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